sábado, 23 de abril de 2011

TIPOS DE BONECOS E TÉCNICAS

Classificação

O teatro de formas animadas possui vários subgêneros distintos entre si. Em comum, eles possuem a característica de animar o inanimado. As diferenças, portanto, são as mais diversas, inclusive em suas específicas origens.

· SUBGÊNEROS : Formas, Objetos, Sombras, Bonecos...

Quanto à técnica de manipulação, o gênero teatral pode ser agrupado em duas classes:

· MANIPULAÇÃO DIRETA - Luva, máscaras, títeres de vestir, títeres de mesa...

· MANIPULAÇÃO INDIRETA - Varas, fios, eletrônicos, autômatos...

Descreve-se, a seguir, algumas características das TÉCNICAS mais conhecidas e tradicionais das quais derivam-se, atualmente, a maioria das outras:

PANTAN: Boneco bidimensional, com ou sem articulações, manipulado por uma vareta.

SOMBRA: Os “bonecos” são chamados “objetos” e podem ser articulados ou não. É uma mistura de Pantan com Vara. Representado em locais escuros, depende principalmente de três fatores básicos: fonte de luz, tela de projeção e objetos.

MÁSCARA: Classifica-se quanto à construção em: Neutra (sem conflito expresso), Larvária (formas simplificadas), Expressiva (detalhadas) e Meia-Máscara (falante). Ela possibilita o contato com o lado primitivo do homem, a porção límbica e animal, encampando conceitos e idéias ou arquétipos. Cabe ao ator promover a ação que a anima. Ela engrandece o jogo do ator e “essencializa” o propósito do personagem/situação. Leva o texto para além do cotidiano, filtra o essencial e esquece a anedota, torna legível e precisos os gestos do corpo e o tom da voz.

BONECO DE LUVA (ou Fantoche ou Boneco de Mão): Dizem que é o único boneco no qual corre sangue “dentro”, das mãos marionetistas. Esse tipo possui um corpo vazio, geralmente de tecido, que o manipulador veste na mão. Ele encaixa os dedos em um orifício que está na cabeça do boneco e em outros dois que estão nos braços, para movimentá-los. O modo de operação mais comum é utilizar o dedo indicador para a cabeça e o polegar e o dedo máximo para os braços, mas as variantes são muitas A figura é vista da cintura para cima, mas pode conter pernas que sirvam apenas como ilustração. Em geral, o operador trabalha com o braço esticado acima da cabeça, dentro de uma cabine estreita com uma abertura (janela) acima da altura média de um homem. A vantagem do fantoche é sua agilidade e rapidez; a limitação são seus movimentos de braços e pernas pouco eficientes. Ex. Guignol(França), Punch(Inglaterra), Karsperl(Alemanha), Pulcinella(Itália), Mamulengo(Brasil).

MAMULENGO: Nome dado ao teatro de bonecos originado em Pernambuco (BRA), uma brincadeira com “mão molenga”. No nordeste, se manifesta em vários estados e recebe diferentes denominações: babau, calunga, casimiro coco, joão redondo e mamulengo. As histórias são quase sempre improvisadas e vão tomando forma na mão do mestre durante o espetáculo. Terminam quase sempre em pancadaria. Há muita dança e música, sempre ao vivo. Essas "brincadeiras" possuem uma rica dramaturgia de tradição oral, cuja temática se desenvolve como uma crônica da comunidade - costumes, meio geopolítico, diferenças sociais, mitos, diversões e até obscenidades. Um verdadeiro "cordel cênico". Utilizando uma linguagem específica, destinada ao seu público, o "mestre", como nos polichinelles, faz uso de um interlocutor para dinamizar os espetáculos. A provocação incentiva a participação da platéia e, com essa, o "brincante" se realimenta. Entender o jogo de palavras, as insinuações e participar é transformar-se nesse público. Compreender a fantasia do "mestre" é captar a sua perspicácia frente à realidade de seu meio. A maioria das vezes, é apresentado na rua, portanto, o cenário (barraca, torda, empanada ou tenda) tem que ser dobrável e fácil de transportar. A cabeça do boneco é entalhada em mulungu, madeira leve e resistente, característica da região, e o corpo confeccionado com tecidos estampados e de cores fortes. As técnicas de manipulação são várias - luva, luva com vara, vareta e outras. Inúmeras são os mecanismos - articulações de boca, olho, língua, corpo e até cabeças que saem. Na mala de um mestre sempre existe um boi, uma cobra, um herói (O Benedito), sua namorada, um capitão ou coronel, um padre e um diabo, personagens típicos de todo teatro de mamulengos. Os mais célebres heróis da tradição popular de títeres brasileiros são “Tiridá” e “Simão”.

BONECO DE VARA: São figuras manipuladas de baixo para cima, sustentadas por uma vara que atravessa todo o corpo do boneco até a cabeça. Outras varas mais finas podem ser utilizadas para movimentar as mãos e, se necessário, as pernas. Pode exigir um ou dois manipuladores, os quais ficam ocultos pela tapadeira.

MARIONETES (Bonecos de Fio): Técnica de construção complexa e de difícil manipulação. São figuras controladas por cima, movimentadas por fios que vão dos membros para uma cruz de controle (vertical ou horizontal) na mão do manipulador. Os movimentos são originados pela inclinação ou oscilação da “cruz”, mas os fios também podem ser puxados um a um (ou em conjunto) quando se deseja um determinado movimento. Uma marionete simples pode chegar a ter nove fios – um em cada perna (joelho), cada mão, cada ombro, cada lado da cabeça e um na base da coluna (para que o boneco se incline). Movimentos mais detalhados podem exigir o dobro ou o triplo desse número. A manipulação de uma marionete de muitos fios é uma operação que exige grande treinamento. Uma das vantagens é a exigência de apenas um manipulador por boneco e uma característica interessante é que o movimento da cruz e a resposta do boneco têm que ser estudados como “pêndulos”. O próprio nome testemunha o caráter religioso: era um dos nomes dados às estatuetas da Virgem Santa, expostas a veneração pública nas igrejas e nas ruas. No nome Maria fizeram Mariete, Mariole, Marion e Marionnette.

MAROTE: Variação simplificada do boneco de vara e se presta bem a figurações e danças. Não possui controle das mãos ou cabeça e é tridimensional.

TRINGLE: Do francês “vara”. Na Sicília, utiliza-se uma vara de ferro fixada à cabeça do boneco para sustentação e movimentação, outra para mover um braço e um cordão para mover o outro; as pernas ficam dependuradas, sem fios e o andar é feito com a movimentação da vara de ferro da cabeça. Na Antuérpia, Bélgica, usam-se apenas varas na cabeça e em um braço, e em Liége não se utiliza nenhum tipo de controle para os braços, apenas a vara para a cabeça sustenta e movimenta o boneco. Ex. Puppi (Itália).

BUNRAKU: O termo “bunraku” vem de Bunraku-za, nome do único teatro comercial do gênero, que se manteve até a era moderna. Há três peças importantes: o narrador (tayu), o manipulador (ningyo tsukai) e o músico (shamisen). Medindo 1 a 2 metros de altura, os bonecos são montados com peças independentes: cabeça de madeiras, armação dos ombros, tronco, braços, pernas e trajes. São pintados à mão e têm um elaborado mecanismo de controle das expressões da face e dos membros, por meio de fios ligados a "chaves" de comando. Cada manipulador é responsável pelo controle de determinada parte da marionete. Vestidos com trajes negros, que passam à platéia a idéia de invisibilidade, os atores conduzem com rara maestria as ações dos personagens, que parecem ganhar vida própria. Omo-zukai é o manipulador principal e sustenta o peso do boneco, movimenta a cabeça e a mão direita do boneco. O Hidari-zukai é o segundo manipulador e opera o braço e a mão esquerda do boneco. Ashi-zukai é o terceiro manipulador e opera os pés, mas, como via de regra bonecos femininos não têm pés, este deve criar a ilusão de pernas e pés, movendo a barra do quimono com suas mãos e braços.

BALCÃO: Técnica derivada do Bunraku, que difundiu-se no Ocidente em muitas variantes, é manipulado sobre um balcão ou mesa. Possui vara para o movimento dos braços e alças sustentórias/manipulatórias para cabeça e tronco. O movimento das pernas é dado pela oscilação do tronco. Exige um ou dois manipuladores.

MANIPULAÇÃO DIRETA: Conhecido pelo termo que engloba uma gama de outras técnicas, designa também um tipo específico de Balcão, mais parecido com o Bunraku japonês em sua manipulação. Difere do Balcão pela manipulação das pernas ser realizada diretamente pelas mãos do manipulador. Pode ter varas ou não. Tipo contemporâneo conhecido pelos marionetistas vestidos de negro ficarem invisíveis, como no bunraku. Exige, igualmente, dois ou três manipuladores por boneco.

2 comentários:

  1. Muito bom o blog, está explêndido. Parabéns.

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  2. Uau! que e s p e t á c u l o! muito sucesso com saúde! o blog está muito legal!

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